terça-feira, 2 de junho de 2009

Artrite psoriática

O que é?
Artrite psoriática (também psoríase artropática ou artropatia psoriática) é um tipo de artrite inflamatória que afeta em torno de 5-7% (de acordo com o Manual de Oxford de Medicina Clínica) das pessoas que sofrem de psoríase crônica na pele. É chamada de Artrite Psoriática por ser uma espondiáloartropatia seronegativa e acontece mais comumente em pacientes com tipo de tecido HLA-B27. O tratamento de artrite psoriática é semelhante ao de artrites reumáticas. Mais que 80% dos pacientes com artrite psoriática terá lesões psoríticas nas unhas, caracterizadas pelo seu descaroçamento, ou mais extremamente, perda da própria unha (onicoliose).
Artrites psoriática pode acontecer em qualquer idade, porém em média tende a aparecer aproximadamente 10 anos depois dos primeiros sinais de psoríase. Para a maioria das pessoas isto está entre as idades de 30 e 50, mas também pode afetar as crianças. Os homens e mulheres são igualmente afetadas por esta condição. Em aproximadamente um em sete casos, os sintomas de artrite podem acontecer antes de qualquer envolvimento de pele.
Também causa inflamação nas juntas e pode causar tendinite.

Sintomas

Os principais sintomas incluem:
Rigidez matinal nas articulações
Fragilidade/Sensibilidade nas articulações
Edema, Inchaço, Rubor
Anomalias das unhas
O edema pode ser difuso ao longo de todo um dedo causando a aparência de "dedo em salsicha".
Em casos que afetam a coluna, é mais comum ocorrer uveíte.
Há dois padrões básicos, um que afeta a coluna e outro as articulações das extremidades. Na coluna, há dor lombar e nas nádegas.
Também há chance dos movimentos respiratórios serem afetados, quando a doença alcança as articulações das costelas com a coluna torácica. Produz, ainda, dores na nuca ou na coluna cervical.
Há possibilidade de afetar os tendõese de atingir a planta dos pés, gerando fascites e bursites.

Tipos de artrite psoriática

Considerando os sintomas consideram-se cinco tipos principais de artrite psoriática:
[editar]Simétrica
Este tipo corresponde por 50% de casos e afeta juntas e ambos os lados do corpo. Este tipo é muito semelhante a artrite reumatóide.
[editar]Assimétrica
Este tipo afeta 35% de pacientes e é geralmente moderada. Este tipo não acontece nas mesmas juntas em ambos os lados do corpo e normalmente envolve 2 a 4 juntas.
[editar]Artrite mutilante
Afeta menos que 5% dos pacientes e é severa, deformarmadora e destrutiva. Esta condição pode progredir durante meses ou anos que causam dano em comum severo.
[editar]Espondilite
Este tipo é caracterizado por dureza da espinha ou pescoço, mas também pode afetar as mãos e pés, em uma linha semelhante à artrite simétrica.
[editar]Interfalangeal distal predominante
Este tipo de artrites psoriática é encontrada em aproximadamente 5% de pacientes e é caracterizado por inflamação e dureza nas juntas mais próximo dos dedos das mãos pés. Mudanças nas unhas são freqüentemente marcadas.

Diagnóstico

Durante o exame médico são identificadas e examinadas as lesões na pele (Psoríase) e articulações. O médico pode achar conveniente o recurso a Imagiologia, por exemplo: Radiografia das articulações afectadas, Cintilografia auricular ou Tomografia computodorizada.
Valores laboratoriais que podem auxiliar o diagnóstico:
Fator reumatóide geralmente negativo
Velocidade de Sedimentação pode estar aumentada
Proteína C reactiva pode estar aumentada
Hemograma pode revelar Anemia da Doença Crônica

Tratamento

O processo subjacente na artrite psoriática é inflamação, então são dirigidos tratamentos para reduzir e controlar inflamação. Antiinflamatórios não-esteróides como diclofenaco e naproxen normalmente são os primeiros medicamentos.
Outras opções de tratamento para esta doença incluem a utilização de corticosteróides, incluindo injeções na articulação - isto só é prático se apenas algumas articulações forem afetadas.
Alguns autores consideram no entanto os corticoesteróides como medicamentos a evitar pois podem aumentar a frequência dos episódios de Psoríase.
Se não é alcançado controle aceitável usando antiinflamatórios não-esteróides ou injeções na junta então tratamentos com imunossupressores como metotrexate é acrescentado ao regime do tratamento. Uma vantagem de tratamento com imunossupressores é que também trata psoríase além da artropatia. Contudo, os efeitos secundários destes medicamentos fazem com que a adesão dos doentes a esta terapêutica seja baixa. Cerca de metade dos doentes interrompe a terapia em 2-5 anos devido aos efeitos adversos.
Recentemente, uma classe nova de terapêuticas desenvolvida usando recombinantes tecnologias de DNA chamada Inibidores Tumor necrose fator-alfa vieram disponíveis, por exemplo, infliximabe, etanercept, e adalimumab. Estes estão se tornando comumente usados mas são normalmente reservado para os casos mais severos.
[editar]Tratamento não Farmacológico
Serve de tratamento complementar aos medicamentos de forma a aliviar a dor, prevenir a incapacidade de movimentos e aumentar a qualidade de vida do doente. Inclui:
Manutenção do peso ideal
Dieta saudável
Repouso adequado
Fisioterapia e exercício individualizado
Terapia Quente/Frio
Cirurgia (casos mais graves)

O que causa a psoríase?

A psoríase é uma condição com múltiplas causas, que podem ser genéticas, imunitárias, ambientais e físiológicas. Estes factores alteram o funcionamento das células cutâneas, em particular os queratinócitos e os fibroblastos.

Factores genéticos

 

Existem várias evidências que sugerem que há uma predisposição genética para a psoríase (2). No entanto, não existe um gene específico da psoríase, pelo contrário, existe um número de características genéticas que tornam o doente mais predisposto a desenvolver a condição (1).

 

Vários estudos demonstraram que existe um histórico de psoríase em 30% a 50% dos casos de psoríase.

 

A investigação em gémeos monozigóticos (gémeos idênticos) demonstrou, no entanto, que em 70% dos casos ambos os gémeos estavam sujeitos a psoríase (1). Se a hereditariedade era a única causa, haveria um par perfeito. Estes resultados demonstram, portanto, que a psoríase depende de outros factores.

 

O nosso conhecimento dos genes associados à psoríase é presentemente incompleto. No entanto, os estudos em famílias com psoríase demonstraram que existem áreas cromossómicas associadas à condição (1). Estes grupos de genes que originam a inflamação da pele variam de família para família e de doente para doente.

 

Os investigadores pensam que daqui a poucos anos serão capazes de identificar tratamentos diferentes adequados às características genéticas dos doentes com psoríase


Factores imunitários

 

Os factores imunitários causam reacções inflamatórias na epiderme.

 

Anatomia da pele

 

A pele é composta pela epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é principalmente composta por queratinócitos (células que compõem a camada córnea que protege a pele), melanócitos (células que produzem os pigmentos responsáveis pelo bronzeamento e protecção da pele) e as células de Langherans (que desempenham um papel chave na protecção imunitária e nas extremidades nervosas que estão directamente ligadas ao sistema nervoso central e controlam a maioria das funções da pele).

 

A pele que é afectada pela psoríase tem um defeito básico:

 

As células são renovadas demasiado depressa

Sabemos que na psoríase a epiderme é renovada demasiado depressa (quatro a seis vezes mais depressa do que pele normal). Isto acontece porque os queratinócitos na epiderme multiplicam-se anormalmente e produzem uma queratina de baixa qualidade que resulta em escamas.

As principais células na derme, os fibroblastos, controlam a renovação dos queratinócitos. No entanto, este controlo é defeituoso na psoríase.

 

Reacção inflamatória da pele

Para além da rápida taxa de renovação dos queratinócitos, a psoríase é o resultado de reacções inflamatórias cutâneas. Dois tipos de células causam esta reacção inflamatória: os neutrófilos polimorfonucleares e os linfócitos T, que desempenham um papel fundamental na resposta imunitária.

 

O que acontece à pele?

 

Os neutrófilos polimorfonucleares são atraídos pelo estrato córneo (a camada córnea exterior da epiderme). Estes desprendem-se da camada superior da pele e causam irritação contínua que é mais severa do que a causada pelo coçar. Como resultado a pele inicia um processo permanente de cicatrização. Por este motivo estas células estão envolvidas na manutenção da inflamação na epiderme.

 

A pele também é atacada pelos linfócitos T, que mantêm a resposta inflamatória activa. Na psoríase há uma resposta crónica persistente dos linfócitos T (1) .

 

Os linfócitos T estão envolvidos no início e na manutenção da inflamação cutânea através da libertação de determinadas citocinas, que têm uma acção pró-inflamatória.

 

A psoríase assemelha-se a um distúrbio auto-imunitário; é como se uma molécula da pele fosse confundida por um corpo estranho, sendo atacada pelo sistema imunitário, que responde de uma maneira exagerada a este "ataque". No entanto, a classificação da psoríase como um distúrbio auto-imunitário é controversa. É evidente que os linfócitos T associados à lesão são fulcrais para a psoríase mas não existem provas suficientes para comprovar a existência de linfócitos T auto-reactivos.

 

 

Factores ambientais

 

 

Nos doentes com uma predisposição genética, as manifestações da doença podem ser desencadeadas por factores ambientais internos e externos. Todos estes factores aceleram a renovação cutânea.

 

Os factores externos incluem as mudanças de estação e roupas que roçam na pele.

 

Os factores internos incluem o stress emocional, determinados medicamentos e doenças infecciosas.

 

O stress num sentido lato é muitas vezes responsável pelo aparecimento da psoríase, variando entre o stress causado pelo regressar à escola depois das férias e o grave trauma psicológico. Este é um factor significativo que pode originar a primeira crise psoriásica e subsequentes erupções.

 

Os beta-bloqueadores, o lítio e as quinolinas estão entre os medicamentos que se suspeita serem responsáveis pelo desencadeamento da condição. A súbita descontinuação da terapia com corticosteróides também pode exacerbar a psoríase.

 

Nas crianças, a psoríase gutata é frequentemente desencadeada por infecções estreptocócicas.

 

O estilo de vida e a psoríase
Alguns estilos de vida aumentam fortemente o risco de desenvolvimento de psoríase. O tabaco é um dos factores agravantes, assim como o álcool e a obesidade.

 

Tal como acontece com qualquer condição que afecte a qualidade de vida que seja desencadeada por factores ambientais, a psoríase não pode ser gerida a não ser que sejam tidos em consideração vários factores.

A psoríase não é uma condição letal, sendo o principal objectivo do tratamento a melhoria da qualidade de vida do doente. O doente deve decidir qual o tratamento que melhor lhe convém, em conjunto com o seu dermatologista. A estratégia terapêutica deve ser baseada no diálogo entre o médico e o doente.

  

O papel do sistema nervoso no aparecimento da psoríase e das suas recorrências
Vários fenómenos suportam esta hipótese:

- As placas psoriásica são perfeitamente simétricas.
- O stress está frequentemente associado ao aparecimento de erupções psoriásicas.
- Por último, o sistema nervoso liberta determinados químicos, como a substância P e os péptidos derivados da MSH-alfa, que podem modelar a renovação da pele.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário