domingo, 7 de junho de 2009

A explicação do especialista

«A inflamação afecta a cartilagem, corrói o osso e destrói a articulação, daí que, quando não se consegue parar a inflamação, possam surgir deformações» refere o Dr. António Vilar, presidente da Direcção do Instituto Português de Reumatologia. As cartilagens e o próprio osso acabam por ser corroídos pela inflamação.

Os especialistas sabem como é que se desenvolve a inflamação, como é que a doença progride e que graus de incapacidade pode provocar, mas continuam sem saber qual é a sua causa.

Os tratamentos mais clássicos, onde se incluem os sais de ouro, o metotrexato, a salazopirina e os antipalúdicos têm uma taxa de indução de remissão que anda na casa dos 40 a 60%.

«O que acontece é que muitas vezes esta remissão não se mantém para o resto da vida. O medicamento por vezes deixa de fazer efeito e a doença não é totalmente travada, aí necessitamos de usar novos medicamentos», constata este reumatologista.

Isto faz com que «as terapêuticas visem modificar a forma como a doença se perpétua, mas como não conhecemos a causa, não podemos eliminá-la», comenta este especialista.

Existem múltiplos factores associados às pessoas atingidas por artrite reumatóide. Os genes parecem determinar, à partida, quais são os indivíduos cujo sistema imunológico é mais susceptível de ser atacado pela doença. Factores hormonais, infecciosos ou ambienciais poderão contribuir para que uma pessoa com uma certa susceptibilidade, genéticamente determinada, possa vir a desenvolver este problema.

Estão a decorrer estudos no sentido de encontrar a causa deste problema, enquanto não há resultados vão sendo testados fármacos que permitam melhorar a qualidade de vida destes pacientes.

«A grande novidade do 7º Congresso Bienal da Sociedade Internacional de Terapêuticas Reumatológicas, que se realizará no Estoril, é a apresentação dos novos fármacos biológicos, que actuam de uma forma selectiva em alguns dos mecanismos da inflamação», avança este médico, mas deixa a ressalva «estes novos medicamentos têm potencialidades, têm eficácia, parecem ter uma boa tolerância, mas os resultados a longo prazo não são ainda conhecidos».

Este especialista vê o tratamento da artrite como uma orquestra. «O maestro é o reumatologista, depois há um conjunto de intérpretes, que vão desde os enfermeiros, passando pelos fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, por vezes pelo psiquiatra, pelo cirurgião ortopédico, oftalmologista, pelo internista e pelo médico de família».

Nesta "orquestra" existem músicos que fazem outro tipo de acompanhamento, são as estruturas de apoio social, como as assistentes sociais e os terapeutas ocupacionais . «Pois estes indivíduos podem necessitar de cuidados especiais, quando têm crises», defende António Vilar, e avança com um exemplo, «sabe-se que a artrite provoca uma grande rigidez nas articulações durante a manhã, por isso se o doente conseguir um horário flexível evitará começar a trabalhar muito cedo durante as crises».

É para dar este tipo de apoio e lutar por alterações que melhorem a qualidade de vida destes doentes que foi criada uma associação, a A.N.D.A.R. - Associação Nacional de Doentes Com Artrite Reumatóide - da qual António Vilar foi fundador.

É uma associação recente que se formou com os seguintes objectivos:

  • Apoio médico social ao doente com Artrite Reumatóide
  • Realização de Programas e Acções de Informação
  • Promoção de Edições sobre a Doença
  • Organização de encontros de doentes
  • Colaboração com serviços nacionais ou estrangeiros com fins idênticos
  • Destina-se a doentes, seus familiares e a todos os que se identifiquem com os objectivos referidos

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